Quando a história de Ana aparentemente chega ao fim é que nós olhamos e entramos mais atentamente na história e vida de Beto. A partir daquele momento caro leitor você ganha o direito de abrir enfim a porta do apartamento dele, investigar com quem ele se deita e também o quanto sua vida pode mudar.
Ana jamais vai deixar de existir para nós, principalmente se julgarmos que sua história estará eternamente entrelaçada na história de Beto mesmo que ele venha a jurar "até que a morte nos separe" a outra garota ainda haverá um pouco de Ana em cada passo ou no parque, em cada perfume na rua ou em cada cabelo loiro que o vento bagunça, como se quando aquela garota virasse o sorriso pudesse ser o de Ana.
Porque um amor assim sempre ultrapassa alguma coisa e entra em outras histórias, invade outras vidas que na verdade nunca se tocaram pessoalmente e com essa não seria diferente.
De agora em diante Beto escreve sozinho o sentimento que a maioria de nós tentaríamos apagar aos poucos e se torna uma saudade, que as vezes o faz chorar e outras rir. Logo os livros são transferidos de prateleira, passando assim da organização perfeita de Ana para a gaveta da sala dele, tudo assim empilhado e apertado para caber.
Agora ele que está sentado no sofá da sala, uma garrafa de cerveja na mão e algumas no chão pensando se daria conta de ler tudo ou se ela leu mesmo tudo como falava. Parecia que sim, pois todos tinham a marca de unha dela grifando frases que eram consideradas interessantes ou então a marca do esmalte vermelho que as vezes batia no livro e marcava a página num risco quase impossível de ver que para ele era um breve momento de alegria.
As vezes quando ele dormia também esquecia tudo o que tinha lido o que tornava ainda mais difícil aquela missão que ele havia se comprometido, as vezes desejava que Ana tivesse deixado um gato para cuidar ou um cachorro para passear, mas não que fossem ruim os livros é somente que aquele era um hábito muito mais dela que dele.
Agora que já conhecemos a sala podemos invadir um pouco mais o apartamento dele e também sua privacidade, muito mais organizado era o quarto se comparado a sala. Havia uma mesa de trabalho com alguns desenhos e rabiscos para as tirinhas do jornal em que ele trabalhava, um notebook e uma gaveta que só era aberta com a chave que ficava escondida em outra parte do quarto que não vou contar, afinal invadiríamos demais a privacidade dele assim.
Mas conto para vocês um detalhe do que está dentro da gaveta, é um caderno que vocês devem saber a quem pertenceu antes...
Sim, era dela !
O começo era escrito por ela com poemas, bobeiras, cotidiano, sonhos, horóscopo, mas sobrou um espaço para ela gravar também as coisas dele que eram principalmente para ela. Quem saiba ele esqueça o livro aberto e eu possa mostrar a vocês uma história um dia.